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nevermind

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Há exatamente duas décadas saía Nevermind, um disco que ajudou a quebrar vários padrões do rock.

Seu conjunto de canções mostraram ao (tal do) mainstream a cara feia do rock alternativo, assim como uma (pequena) amostra da atitude punk.

Eu, particularmente, não sou lá um grande admirador do Nirvana, mas acho impossível não reconhecer sua importância ou ao menos o estrago que fez na MTV, nas rádios e nos grandes festivais.

João Gordo explicou a Kurt Cobain “o que era” o Hollywood Rock, o suicida líder do Nirvana então fez o considerado pior show do trio em São Paulo e no Rio de Janeiro cuspiu ao vivo nas câmeras da Rede Globo e mostrou seu pequeno instrumento.

Bom, fiz [com a ajuda da truta Regiane Ishii] um especial onde vários membros de bandas independentes nacionais respoderam qual impacto o Nevermind teve pra eles.

Entre os que responderam estão Rogério Japa (Merda e The Barfly Surfers), Jair Naves, Shamil Carlos (Horace Green, DoomboX e Balboa Discos), Gabriel Zander (Zander e Studio Superfuzz), Liege Milk (Loomer, Hangovers e Medialunas) e Fernando Sanches (O Inimigo e El Rocha).

Abaixo todos os depoimentos!

E pra você, qual impacto o Nevermind/Nirvana teve?

Pouquíssimos discos me impressionaram tanto na primeira audição quanto o Nevermind. Eu tinha apenas onze anos quando pus as mãos no disco, e tudo a seu respeito me conquistou irremediavelmente. A começar pela capa: uma imagem de ousada ironia, verdadeiramente profunda na sua simplicidade – assim como suas doze intrigantes músicas. Me lembro de ter ficado boquiaberto com diversos pequenos detalhes: o agressivo solo de “Breed”; o cortante violão e as vozes murmurantes em “Polly”; “Territorial Pissings” e seu sujíssimo timbre de guitarra; os backing vocals em primeiro plano no final de “On a Plain”; a urgente e ruidosa melancolia de “Come As You Are”; a voz agonizante na introdução de “Lounge Act”. Eu nunca tinha ouvido nada parecido. Aliás, na minha ignorante ingenuidade de pré-adolescente, eu nem sequer imaginava que esse tipo de música existia. Isso tudo para não mencionar o clipe de “Lithium”. Quatro minutos que, vocês terão que me perdoar pelo clichê, realmente mudaram a minha vida.
Jair Naves, Jair Naves

Antes desse disco eu ouvia muito Michael Jackson em fitas; Paralamas, Titãs na rádio; Jorge Ben, Robertão por tabela, do som do meu pai. Nevermind foi praticamente o primeiro disco americano que ouvi MESMO. Não ouvi na época que saiu, ainda era muito pequeno (tinha 9 anos). Em 94 eu viciei foi em Raimundos e ao trocar emprestado o disco com um colega da sala, ouvi a famosa faixa que deixava todo mundo viciado… Eu nem sabia disso, e juro que eu conseguia “ver” a vibração da música no ar, era uma noite que eu deveria estudar pra uma prova do colégio e desisti.
Depois fui pro interior e ficava nos fundos do quintal do meu avô dissecando o disco. Além de ter aprendido inglês de tanto ficar anotando as letras e pegando aquelas traduções sofríveis, porém divertidas da Bizz, ainda aprendi bastante sobre música. Notei que nenhuma letra começava igual e comecei a perceber como se formava uma estrutura musical de uma canção, quantas notas, quantas frases por compasso (isso tudo por intuição, sem saber tocar nada). Tenho muito orgulho de ter vivido esta época. A galera mais nova até curte, mas não faz ideia do que é ter estado lá. Em menos de um mês eles foram de caipiras a pessoas que influenciavam TODA a sociedade simplesmente fazendo comentários pra revistas ou o que fosse. Era algo muito forte. E é algo que provavelmente nunca mais vai acontecer.
Dw Ribatski, Bumbo Caixa.

Em 1991 eu tinha 5 anos. E até então, música pra mim era Xuxa e Michael Jackson. Não fosse o Nirvana, talvez eu nunca tivesse me interessado em fazer música. É louvável ver três jovens normais, do interior, fazendo música simples, direta, distorcida e visceral, e desbancando os milionários do pop nas paradas mundiais contando apenas com uma carga gigante de “sinceridade”. O Nevermind veio pra provar a máxima de que menos é mais. Acho que o próprio Butch Vig entendeu isso ao trabalhar com o Nirvana. Acho que o mundo entendeu isso ao ouvir “Smells Like Teen Spirit”. A urgência de transmitir o sentimento cru. Sem glitter, sem cabelos esvoaçantes. A capa, quase profética, com um bebê nu, como veio ao mundo nadando atrás de uma nota de um dólar já diz tudo. Mudou a cabeça das pessoas e da indústria fonográfica mundial. Um grito de “socorro!” que estourou os tímpanos do mundo inteiro e ecoa até hoje. Na época, meus primos mais velhos cantavam “Come as you are” e “Lithium”. Eu repetia e batia cabeça pra “me enturmar”, achava legal. Era rock, embora só tenha me interessado por Nirvana, de verdade, quando já tinha meus 12 e o In Útero mudou completamente minha vida. Very ape and very nice. Valeu, Kurt!
Liege Milk, Loomer, Hangovers e Medialunas.

Pra mim, o Nevermind foi a descoberta do rock, um impacto. Acho que o disco foi o último divisor de águas do rock, trazendo tendências de composição e mixagem que até então eram poucos exploradas no mainstream. E também foi um disco que mostrou o artista se despreocupando um pouco da intenção comercial e se concentrando na intensidade e na capacidade de sua música. Foi isso que o tornou popular entre públicos tão diferentes e por tanto tempo, não apenas suas músicas fáceis de ouvir e o trabalho de produção por trás do álbum. Perto do que rolava na época, o disco foi feito sem a pretensão de virar um símbolo do rock. Vale lembrar também que a banda tinha raízes independentes um pouco antes de lançá-lo e isso interferiu na espontaneidade com que foi produzido também.
Marcelo Melo, Enema Noise

Hoje eu tenho 29 anos, ou seja, na época eu não entendi muito bem. Mas lembro muito do choque nas pessoas, do “Smells Like Teen Spirit” até o acústico e depois a morte do Kurt… Todo mundo só falava do Nirvana e eu só fui entender esse disco uns seis anos depois e até hoje acho fodido demais. Todas as músicas são punk pra caralho com um sentimento e rancor difícil de expor em três acordes!
Shamil, Horace Green, DoomboX, Balboa Discos

Bom, o Nevermind teve muito impacto na minha vida, não simplesmente ele, mas a banda. O Nirvana me tirou da zona de conforto, eu tava lá quietinha ouvindo Black Sabbath quando vi o clipe da “Smells Like Teen Spirit”… Aí isso me deu um chacoalhão, eu vi e pensei: Cara, é isso que eu quero fazer! O resto foi consequência.
Dori Monster, Hot Monsters

Eu só conheci o Nevermind em 93. Tinha apenas 8 anos mas recordo muito bem da sensação que senti quando escutei pela primeira vez o refrão de “Lithium”! Foi muito intenso, lembro do meu pequeno cérebro tendo grandes espasmos de alegria e foi aí que eu fiz a transição do Beatles pro barulho. Parei de escutar as coisas do meu pai e passei a me aventurar no Arise e no Master of Puppets do meu irmão! No fim das contas eu sempre acabava escutando, em ordem – “In Bloom”, “Breed”, “Lithium”, “Territorial Pissings”, “Drain you” e “Stay Away”, religiosamente nessa ordem e no repeat! Mesmo pivete eu pude notar todo um exorcismo e desapego com tudo que tava sendo feito na época. Eu curtia muito aquele descaso todo somado à bipolaridade sonora que alternava entre melodias grudentas, esporros distorcidos e berrados. Daí em diante eu passei a destruir meus ouvidos diariamente e desde então procuro, sem êxito, coisa semelhante! Vejo o Nevermind como um Sgt. Pepper’s pós-pós-moderno, que surgiu num momento de carência criativa como um divisor de águas, abrindo a cabeça de uma galerinha que não achava seu lugar ao sol no meio de todo o glitter sintetizado que os anos 80 deixaram de legado pra música pop. O Nevermind trouxe o barulho que eu precisava pra abafar um monte de sentimentos, e me botou na rota do In Utero – disco mais afudê do universo. Posso dizer que por isso é o álbum mais marcante e importante que eu já escutei e que sem ele na minha prateleira o Hangovers e essa matéria provavelmente seriam substituídos por uma resenha celebrando os 20 anos do lançamento de “More than words”, Extreme.
Theo Portalet, Hangovers.

andrionevermind
Minha mãe tinha uma K7 com o Nevermind gravado! Aos 8 anos, eu tinha um amigo de jogar bola na rua, que tinha um boné do Nevermind! Foi uma febre doida. O Nevermind deixou a galera do metal farofa numa sinuca de bico. Remodelou a música pop no mundo inteiro. Eu gostava das músicas naquela K7 da mãe, ficavam grudadas na cabeça. Não sei se por causa da idade, eu só fui pirar em Nirvana com 11 anos, em 1994, quando descobri o In Utero!
Andrio Maquenzi (foto: Facebook), Superguidis e Medialunas.

Acho que teve mais uma mudança indireta… A música mais alternativa, com raiz no punkrock/hardcore começou a ter uma visibilidade maior após esse disco… Perdeu um pouco aquela coisa de ser só uma subcultura, de música de nicho. Criou-se um mercado que fez com que muita gente fosse atrás de outras bandas de rock independente. Basta olhar os discos mais vendidos pré e pós-Nevermind. O show do Fugazi no Brasil em 94 foi fruto dessa “descoberta” pós-Nevermind, certeza… E ver aquela banda tocando na minha frente, isso sim mudou minha vida. Foi naquele show que decidi que o quê eu realmente queria pra minha vida era ter uma banda, tocar, gravar discos… Sem desmerecer o disco – na época eu escutei muito!-, eu pessoalmente prefiro o In Utero e até algumas coisas do Bleach.
Fernando Sanches, O Inimigo e El Rocha

Não só o Nevermind, mas o Nirvana me ensinou que música rock é muito mais atitude do que solos de guitarra. O Nirvana trouxe de volta o “perigo” pro rock e deu um soco na cara do mainstream levando a atitude punk rock aos grandes estádios, FMs e programas de TV! Mostrando que quando a música é boa de verdade, nada mais importa e não é preciso fazer o que os outros esperam que você faça pra que seja ouvido e passe a sua mensagem. Com certeza é a banda mais importante que eu pude vivenciar e assistir mudando a história do rock. Acho que quando “Smells Like Teen Spirit” passou pela primeira vez na MTV, foi como se alguém tivesse jogado uma bomba lá dentro pra explodir aquela merda toda e alguém muito esperto soube fazer muita grana com isso.
Gabriel Zander, Zander e Studio Superfuzz

Acho que o disco teve um impacto muito forte pra todo mundo que curte rock’n’roll. Devolveu às bandas independentes um espaço que antes pertencia só ao mainstream, deixando lacunas em certos estilos. O Nevermind com aquele som alto da porra de guitarra trouxe sentimentos de volta antes abafados por muitos efeitos e nuances que deixava tudo meio plástico e morto. Era música pura. Distorção pura. Diversão.
Gabriel Lixo, Hangovers.

Eu já conhecia o Nirvana quando lançaram o Nevermind, graças ao clipe de “Dirty Boots”, do Sonic Youth, que passava no Lado B, onde uma garota aparecia usando a camiseta do Nirvana. Já tinha a fita cassete do Bleach, mas quando vi pela primeira vez “Smells Like Teen Spirit” na MTV, e a escutei pela falecida Brasil 2000 FM, foi um choque. A música tocava de meia em meia hora e eu ficava atento para escutar as duas versões, uma delas com solo reduzido. Enfim, logo depois comprei o vinilzão e escutei muito.
Erick Cruxen, Labirinto e Dissenso

Acho que não sou a melhor pessoa para responder essa pergunta. Sou um fã de Nirvana meio tardio, quando saiu o Nevermind eu era mais do metal desgraceira, estava pirando em Sepultura! Só fui começar a escutar o Nirvana bem depois, o Nevermind acabou sendo o disco que menos escutei, apesar de conhecer todas as músicas por osmose. Mas, tô ligado que esse disco marcou época e que boa parte da cena alternativa que conhecemos sofreu alguma influência dele. E as pessoas adoram achar um marco para definirem uma época, o Nevermind pode ser um dos anos 90. O Nirvana mostrava, mais uma vez, que era possível fazer música simples e boa.
Rogério Japa, Merda e The Barfly Surfers

Me lembro de ter comprado uma tape do Nevermind quando tinha entre 10 e 11 anos em uma feira de usados e bugigangas muito famosa que existia em Sorocaba: a feira da Barganha. Lembro que uma prima minha mais velha havia falado da banda, depois vi algo na MTV e acabei por encher meu pai para comprar a fitinha pirata. Depois, quando mais velho, acabei comprando o disco original que tenho até hoje. É um marco na história da música e sempre terá que ser lembrado como um dos grandes turn-overs da indústria musical, como acho que foi o Imagine, do Lennon em 1971, o Movement, do New Order em 1981 e o Is This It, do Strokes em 2001!
Andy, The Name

No começo dos anos 90 não pegava MTV em Curitiba e a gente tinha que ver clipes em programas e horários específicos. Quando estreou o clipe de “Smells Like Teen Spirit” foi um tapa na cara, eu era criança e aquilo me deixou incomodado. Dava pra ver que aquilo ia mudar a maneira das pessoas pensarem. Semanas depois eu vim a saber o que era o que as pessoas chamavam de grunge. Foi muito massa ver o cenário pop mudar. Mudou tudo, o som, comportamento, roupas… Depois disso a gente nunca mais deixou de ver o rosto do Kurt Cobain. Eu posso dizer que conheci um mundo sem o mundo sem o Nirvana, e ele era um saco.
E1000, Subburbia

gabrielhiero

Tenho algumas lembranças do Nevermind quando foi lançado. Eu tinha 9 anos e tava naquela coisa de usar cabelo comprido e roupa xadrez. Lembro bem de chegar da escola e colocar a fitinha K-7, gravada do disco, apagar as luzes do quarto e ficar enrolando as músicas, dançando, chacoalhando a cabeleira (risos). Com certeza foi um disco que gerou um impacto muito forte, um divisor mesmo, junto do Black Álbum do Metallica.
Gabriel Lima Mattos (foto: Paulo Borgia), Hierofante Púrpura.

Nirvana foi a revolução da década de 90, misturaram rock/pop/indie atropelaram tudo e deixaram sua marca na história da música.
Julio Cavalcante, Sin Ayuda.

Nirvana é TNT, algo que muita gente teve vontade de por pra fora, mas nunca com tanta veracidade/sinceridade/.
Vinicius Pacheco, Sin Ayuda.

Foi marcante pra mim, porque foi o 1º álbum deles que eu ouvi, e foi a partir dele que conheci muitas outras coisas e comecei a acompanhar o rock. A entrega que eles tinham, é coisa rara de se ver hoje em dia.
Diego Xavier, Sin Ayuda.

Era adolescente na época do lançamento, tinha 13, 14 anos e estava começando a andar de skate em Porto Alegre. Andava com um pessoal da pesada, que depois se transformaram em grandes profissionais do Skate: Cida, Cesar Gordo, Chita… Então a gente só ouvia Beastie Boys, Rap, Red Hot e sons que tivessem a ver com skate. Como todos, fomos atingidos em cheio pelo Nirvana. Foi o primeiro CD que eu coloquei num aparelho de CD. E basicamente “Come as you are” foi a primeira música que toquei num violão. Mas na época eu não entendia o que estava acontecendo. Não dimensionei a obra e a genialidade da banda. Ia na onda, grunge, e coisa e tal, embora das bandas de Seattle só o Pearl Jam me chamasse atenção. Em termos comportamentais, é o disco mais importante dos 90. Hoje em dia sou um grande admirador de tudo que compunha a banda: imagem, som, ironia, coragem… e escuto muito mais do que quando adolescente!
Pedro Metz, Pública.

neviltonmind

O primeiro acorde e o arranhar de palheta nas cordas é o suficiente para me fazer arrepiar ao perceber que aí vem “Smell Like Teen Spirit”! Hoje quando descubro um álbum bacana, escuto muitas vezes: em casa, correndo, dirigindo… Qualquer um que conviver comigo alguns dias percebe isso rápido! Mas, acho que não houve disco que ouvi mais vezes que o Nevermind. Não sei se foi porque eu já estava flertando com tocar violão e guitarra e o disco é tão de verdade: sincero em técnica, calmaria-gritaria, letras e timbres; ou se é porque eu tinha pouco mais que 12 anos e essa história toda já tinha rolado: já não existia mais Nirvana, nem Kurt Cobain, Grunge was Dead… Aquele papo todo. Só sei que foi quase um ano inteiro, todos os dias chegava da escola e ligava o som, em K7, em CD – demorei pra ter em vinil -, de alguma forma estava sempre munido e ouvia sempre em alto e bom som. Imaginem pai, mãe e irmãzinha na mesa para o almoço e “Territorial Pissings” ecoando pela casa toda! Que humor e paciência minha família teve comigo! (risos). Mais um motivo para ser sempre grato!
Nevilton Alencar, Nevilton (montagem por ele mesmo)

O Nevermind foi pra mim o primeiro som que transpirava rebeldia que ouvi. Mesmo o disco sendo mais velho que eu (risos), me lembro de ter sido um dos primeiros sons de rock em que me viciei. Tirava todas as músicas no violão, gritava, desafinava. Sei que foi muito importante para o músico que sou hoje. O impacto está no jeito que encaro as composições e o quão coerente eu consigo ser ao compor um som agressivo e sincero. Pra mim o Nirvana é exatamente isso!
Braz Torres, Hellbenders.

O impacto do Nervermind foi total, abriu uma porta que não existia na minha cabeça, eu nunca tinha ficado obcecado por nenhum tipo de música até ali. A minha primeira lembrança em relação a isso é de 92, tinha 11 anos na época, lembro de assistir o Nirvana na TV, não sei se em alguma matéria do Fantástico ou dos primórdios da MTV, mas fiquei louco com aquilo, queria ter gravado pra ouvir em casa. Fui até a loja de discos da minha cidade, no interior do Rio, e pedi ao vendedor que gravasse uma fita K7 do Nevermind, já que meu dinheiro nem dava pra comprar o LP. Ouvi aquela fita tanto, quase dois anos tocando direto. Nem sei dizer quantas vezes eu repeti e aterrorizei o pessoal lá em casa. Nessa época, por causa desse disco, fiz amigos que gostavam de música, comecei a aprender a tocar guitarra, a frequentar ensaios de bandas, enfim, a música virou o principal assunto da minha vida e tudo mudou. O disco me ajudou muito na passagem da infância pra adolescência, abriu caminho pra todas as bandas que conheci depois. Se hoje eu gosto de rock ou sou apaixonado por música, o Nevermind foi o início disso tudo.
Manoel, Harmada

O Nevermind teve um impacto grande em mim, na verdade em todos da nossa geração. Ainda morava em Salvador e nessa época não havia internet, lembro que só ficavámos sabendo o que rolava através da televisão. Eu ainda ouvia bastante Guns N´ Roses e uma vez indo ao Rio de Janeiro acabei parando em uma loja onde vendiam várias coisas de rock e comprei umas peças do Guns, meu pai pra não ficar sem comprar nada olhou uma camisa branca onde havia a estampa de um bebê dentro de uma piscina
atrás de uma nota de 1 dolár, ele disse que gostou da estampa e que parecia de uma banda mais light. Um tempo depois estava o Kurt se masturbando ao vivo pras câmeras da Globo no Hollywood Rock! Lembro que a minha saga atrás de roupas xadrez em Salvador havia acabado de começar e obviamente ganhei uma camisa do Nevermind, porque meu pai imediatamente a abandonou (risos). Naquela época qualquer informação, qualquer som, ainda mais sendo em Salvador – mais precisamente em Lauro de Freitas,onde acredite era pior que salvador – a coisa era muito difícil! Por ter morado lá perdi praticamente todo o burburinho insano do rock baiano da década de 90, mas pelo menos existia o Nevermind para consolo geral da nação. Bons tempos!
Rafael Kent, fotógrafo [flickr.com/rafaelkent]

O momento que ouvi o disco do Nirvana foi uma época em que eu estava começando a ter mais contato com o rock, e começando a “escolher” o que ouvir. Lembro que tive contato com Black Sabbath, Beatles, Rolling Stones, Sex Pistols e outras coisas numa mesma época e, no meio disso, o Nevermind. Basicamente ouvir esse disco definiu pra mim que tipo de som eu gostaria de tocar, e qual tipo de música queria ouvir. Muita gente me xinga quando falo que Beatles não me afeta tanto, mas é verdade. O Nevermind foi direto ao ponto e eu conseguia enxergar ali um tormento verdadeiro, uma força que, talvez pela época da minha vida, expressava o que eu sentia. E não envelheceu. Hoje é tão bom quanto a primeira vez que ouvi.
Jean Diaz, Supercombo e 2ois

Eu lembro de alguns amigos mais velhos me mostrando o Nevermind num quarto escuro, quando eu tinha uns 10 ou 11 anos e era ainda um beatlemaníaco fundamentalista, conservador demais pra curtir aquela barulheira. A capa do vinil e o som me incomodaram, me deram medo, ficaram ali enfiados no meu cérebro como uma agulha. Foi só alguns anos mais tarde que ouvi o Nirvana sozinho em casa e aquele trem louco de distorção e agonia ironicamente disposta me atropelou. A partir daí eu não consegui mais parar de ouvir. Meu favorito sempre foi o In Útero, pelo que ele tem de excessivo e transbordante, mas amo o Nevermind quase na mesma medida.”
Pedro Bonifrate, Bonifrate e Supercordas.

Lembro que já conhecia as músicas por amigos, mas martelou de vez na minha cabeça depois de novembro, quando as aulas tinham terminado, até começarem em fevereiro, na casa de uma grande amigo e fã do Nirvana. A mãe dele viajava, daí chamávamos uma galera e bebíamos muito todos os dias escutando CDs. E o Nevermind sempre era um ponto alto da noite e até hoje me faz lembrar desses bons momentos!
Caio Otero, Colombia Coffee

andremedeiros_topsurprise

É difícil precisar o que há neste álbum, e especialmente nele, que tenha me feito, há 10 anos, querer tocar um instrumento — e acreditar que eu podia. A bofetada estética de Nevermind fez também com que eu quisesse compor e cantar. Não porque os vocais ou guitarras sejam amadorísticos, como crê uma parcela espantosamente inocente do público. Aquela voz (não importa aqui quantos quilos de overdubs ela contenha) é potente, clara, e 100% dedicada às melodias. Há um capricho transbordante no núcleo de cada uma daquelas canções — e há nelas pouco além de um belíssimo, poderoso núcleo. Mais do que a conjuntura histórica privilegiada, o humor singular das letras e inúmeros outros aspectos que os adultos ainda hão de discutir por muitas e muitas décadas, o apelo crucial de Nevermind, para mim, está justamente nesse capricho. No esforço para transmitir seja qual for a mensagem (não apenas o texto) da maneira mais coesa e abrangente possível. Essa transparência raríssima, pairando sobre todo o resto, é que possui a capacidade de ferver o sangue de um incauto garoto ou garota pré-adolescente e abrir o mundo dessa pessoa.
André Medeiros (foto: Amanda Dias), Top Surprise.

A primeira lembrança que tenho desse disco era de ser ainda moleque tentando gravar as versões do clipe de “In Bloom” numa fita com outros clipes que eu gravava na época. Como não existia YouTube, era assim que a gente se virava. As músicas desse disco sempre tocaram nas rádios, principalmente os singles, então era uma coisa meio natural ouvir e saber que eram do tal Nevermind. Mas a primeira vez que realmente ouvi o disco inteiro, foi pegando emprestado com um amigo da escola, só assim consegui ouvir faixa por faixa e não apenas o que tocava na TV ou no rádio. Eu tentava entender como uma banda de três caras conseguia criar todo aquele peso, aqueles timbres da guitarra do Kurt, os backing vocals super simples e mesmo assim parecia que existia uma parede de som cheia de energia e ironia nas letras, era incrível. Na minha opinião, esse disco trouxe a última grande revolução pop e de comportamento dos últimos tempos. O Kurt mostrando o pinto pra Rede Globo no Hollywood Rock, nunca alguém iria imaginar que aquilo um dia poderia chegar nessas proporções. Enfim, pra mim esse disco impactou mais na atitude, no comportamento geral da sociedade… Não só na época mas até hoje. Minha faixa preferida é “On a Plain”, que eu ouço religiosamente desde que eu conheci o disco há muito tempo atrás.
Gabriel Militão, Hatchets

montorfano

Quando o Nevermind foi lançado eu tinha 6 anos. Fui ouvir uma música deles conscientemente só em 1997. Eu gostei, mas não compreendi a angústia e o peso daquilo naquela época. Foi bem quando comecei a assistir MTV e descobrir novos sons. Nirvana era mais um dos sons que eu achava bacana. Eu ouvia de paixão só Rock Progressivo, Beatles, Mutantes e MPB. Tudo o que a MTV me mostrava era completa novidade. O Nirvana ficou registrado ali como “uma boa banda”. Porém, adolescente deslumbrado com tantas novidades, não dei a atenção merecida.
Entrei na faculdade de Música com os ouvidos engessados. Só quando eu quebrei essa máscara que descobri o Nevermind de fato. A gente tem (pelo menos eu tinha) mania de achar que as coisas que fazem sucesso são ruins. Mania não, preconceito. Quando saquei essa burrice, fui reouvir tudo aquilo que tinha escutado, mas não apreendido durante a vida. Nirvana foi das maiores redescobertas. Quando reouvi o Nevermind fiquei espantado porque metade das músicas eram os maiores sucessos do Nirvana (que já estavam encrustados na cabeça de qualquer jovem da minha idade; quem não sabia tocar “Come as you are” no violão?). O disco é quase um Greatest Hits. Uma pauleira atrás da outra. “Lithium” pra mim é a obra-prima.
E eu entendi – muito mais do que sete anos antes, naquela primeira audição – a angústia transbordando. Tem coisas que precisamos viver para começarem a fazer sentido.
Observar o objeto com essa distância faz a gente compreender historicamente a situação, perceber como o som dos caras influenciou uma geração inteira. Mudaram radicalmente o rumo do róque, que estava desaparecendo no meio da maquiagem e cabelos dos “GLAMourosos” anos 80. E o Nirvana representava todo o peso de volta. O rock cru e visceral que estava ausente há uma década (se bem que o Nevermind já é bem mais produzido, mas as vísceras estão lá, presentes o tempo inteiro).
Falando nisso – “produção” -, eu vivi mais uma coisa que me rever o disco, foi a terceira descoberta.
Há poucos anos comecei a trabalhar no Estúdio Lamparina, e a entender como funciona a arte do por-trás-do-disco. Mixagem, masterização, produção passaram a fazer parte da minha vida. Foi quando vi os vídeos do Butch Vig contando como foi a produção do Nevermind. Música por música. Aquilo foi das maiores aulas de produção musical que já tive. Depois de toda essa babação de ovo, tenho que fazer uma confissão aqui. In fact, o meu preferido é o In Útero.
Rafael Montorfano (foto: Facebook), Eletrogroove, Longetude 46 e Estúdio Lamparina.

O Nevermind é um ótimo disco. Eu, com base apenas em minha opinião própria, não poderia dizer que ele é o mais importante, ou o melhor disco, ou o que mais gosto. Mas não tenho como negar que ele ajudou a definir o que conheço de música, e a maneira de eu tocar.
Em 1991 eu tinha 16 anos. Já tinha uma banda com meus vizinhos fazia algum tempo, mas meu conhecimento musical se resumia ao que eu conseguia encontrar nas lojas de vinil usado, fitas K7 que amigos repassavam, e a radio local. A MTV estava começando a veicular no Rio Grande do Sul em um canal UHF que minha TV não pegava.
Era normal eu escutar comentários de amigos que conseguiam assistir à MTV e falar da banda X, da banda Y e de um tal de Nirvana que tinha um clipe num ginásio assim, assim, assado. Eu ficava curioso, e quando eu consegui finalmente ver o clipe do “Smells Like Teen Spirit”, eu achei uma música legalzinha até, boa melodia, distorção, pesado em uns momentos, calmo em outros, e clipe interessante. Mas aquela era uma época de descobrimento de muitas bandas interessantes, e de mudança musical pra mim, e o Nirvana apenas vinha com a leva. Não tinha muito idéia do que estava acontecendo.
Bom, consegui uma fita com um amigo e fiz uma cópia do Nevermind para mim, e vi que o disco era muito bom. No caso, de tanto que a “Smells…” tocava na época, eu sempre escutava essa fita da música 2 em diante. Mas como disse antes, era normal ouvir bons discos. Se surpreender com o que eles tinham para mostrar. Se tudo ainda fosse sempre assim…
Acho que a principal mudança começou aqui: de repente, as pessoas queriam ouvir distorção. Microfonia. Nada de solos gigantescos. Técnica passou a não importar novamente. Teus colegas de banda queriam que tu gritasse e quebrasse tudo. O público ia a shows querendo ouvir bandas barulhentas. E também, mais bandas barulhentas surgiam de todos os cantos. “Gritar? Boa idéia…”, eu pensava. “Guitarra distorcida e mais alta? Tá…”, concordava, curtindo aquilo. Seria coincidência?
Já em 1992-93 eu consegui finalmente uma TV que pegasse a MTV. E essa tinha virado febre. Que pagode, axé, sertanejo, que nada. O negócio era grunge. Era possível ver caras com camiseta de flanela, e gurias com saias xadrez aonde a vista alcançasse. Eu já me sentia obrigado a dizer que não gostava de Nirvana. Muito modinha.
Mas também houve uma outra importante mudança: na óbvia ausência de internet da época, o grande disseminador de novas bandas, no meu caso, eram as locadoras de CD. E nessas, que antes só tinham Metal, Reggae e Surf Music, de repente, você poderia encontrar não só o modinha Nirvana, mas também Mudhoney, Sonic Youth, Dinosaur Jr, My Bloody Valentine, Stereolab, Sebadoh, Pixies, Breeders, e mais um catatau de bandas que tocavam no Lado B MTV, e essas sim batiam forte no coração. O Nirvana havia se tornado um fenômeno fonográfico tal que as gravadoras começaram a investir em várias outras bandas boas pra aproveitar a onda. Puxa vida, obrigado, Kurt Cobain.
O tempo passou, o Kurt encheu o saco de tudo e de todos, a namorada grunge que eu tinha na época começou a ouvir É o Tchan, e o amor acabou. Hoje em dia se tentar escutar algumas bandas grunge da época, vejo que muitas eu poderia dizer que eram enganação, mas o Nirvana não, continuo achando bom. Vinte anos depois, o Nevermind continua batendo. E claro, além disso, foi importantíssimo, em parte pelo valor do próprio disco em si, e em parte pelo valor das bandas ao redor do mesmo.
Stefano Fell, Loomer.


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